Ter o sonho da casa própria é um desejo compartilhado por muitos, mas quando a decisão de financiar um imóvel entra em cena, os números e prazos podem parecer assustadores. Aqueles 30 anos para quitar o financiamento podem tirar o sono de qualquer um, não é mesmo?
A amortização é o processo de redução gradual de uma dívida através de pagamentos periódicos de parte do principal, além dos juros. No contexto de um financiamento imobiliário, amortizar significa pagar um valor extra além da sua parcela mensal regular. Esse pagamento adicional é direcionado diretamente para reduzir o saldo devedor, ao contrário dos juros que são cobrados mensalmente.
Amortizar seu financiamento de forma consistente pode reduzir significativamente o montante total pago ao longo do tempo. Cada real adicional pago na amortização é um real a menos que será cobrado em juros no futuro. Por isso, entender e aplicar a amortização pode ser uma estratégia poderosa para aqueles que desejam quitar sua dívida mais rapidamente e economizar dinheiro no longo prazo.
No Brasil, normalmente os financiamentos imobiliários são feitos em um prazo de 30 anos. Suponha que você financiou R$ 100.000,00 em 30 anos, ou seja, pagando em 360 parcelas. A sua parcela mensal não será simplesmente R$ 100.000,00 divididos por 360 – o que seria cerca de R$ 280,00. Na realidade, a parcela seria algo próximo de R$ 1.000,00.
Isso ocorre porque, a cada parcela paga, apenas cerca de 30% do dinheiro é destinado ao saldo devedor, enquanto outros 70% representam juros. Esses juros são o “preço do dinheiro” emprestado. Portanto, quando você paga suas parcelas mensais, está, na verdade, pagando mais pelos juros do que pelo valor principal do imóvel. Essa é uma das razões pelas quais é importante considerar a amortização como uma estratégia para reduzir o custo total do financiamento.
Aqui é onde entra a estratégia de amortização. Amortizar significa pagar um valor extra além da sua parcela mensal. Infelizmente, muitos bancos não comunicam essa prática, pois isso manteria o cliente vinculado a eles por mais tempo. De qualquer forma, a amortização pode ser uma excelente alternativa para melhorar sua saúde financeira.
Na prática, você paga a sua parcela do financiamento normalmente e coloca um valor adicional na amortização. A chave é usar qualquer dinheiro extra que você tenha disponível para amortizar a dívida. Não importa se são R$ 200, R$ 300 ou mais – qualquer valor faz diferença. O principal benefício da amortização é que, nesse valor adicional, você não está pagando juros, mas sim reduzindo o valor principal do imóvel.
Isso significa que cada real extra pago na amortização não é apenas igual a uma parcela mensal, mas sim reduz o saldo devedor diretamente. Por exemplo, se você pagar mais R$ 1.000 em amortização, você não eliminará apenas mais uma parcela, mas sim o equivalente a várias parcelas, dependendo da sua taxa de financiamento.
Você pode amortizar o financiamento do imóvel de duas maneiras: amortização por tempo e amortização por valor da parcela. Amortizar por valor da parcela pode ser aparentemente atrativo, pois reduz o valor mensal das suas parcelas. Ou seja, ao invés de pagar R$ 1.000, você pode passar a pagar R$ 900, por exemplo.
Porém, essa opção não é tão vantajosa a longo prazo, pois você continuará pagando juros sobre o saldo devedor restante. A melhor opção é amortizar por tempo, reduzindo o prazo de pagamento do imóvel. Ao reduzir o prazo, você diminui o total de juros pagos durante o financiamento.
Para entender melhor, suponha que você consiga pagar R$ 300,00 a mais por mês. Isso pode eliminar uma parcela inteira, o que significa que se você continuar nesse ritmo, poderá reduzir pela metade o tempo necessário para quitar o financiamento, passando de 30 anos para 15. E se você puder amortizar quantias maiores, é possível quitar um financiamento de 30 anos em apenas 5 anos ou até menos!
Amortizar é simples. Acesse o aplicativo do banco onde você fez o financiamento do seu imóvel e escolha a opção de amortização por tempo. A cada mês ou quando conseguir reunir um valor extra, direcione-o para a amortização. A grande lição aqui é que você não precisa de uma fortuna para quitar seu financiamento mais rapidamente. É essencial ser inteligente com suas finanças e evitar a armadilha dos juros.
Qualquer quantia extra que você puder pagar fará a diferença. Considere fazer renda extra, cortes no orçamento ou até vender um bem, como um carro, para amortizar. Você vai economizar consideravelmente em juros a longo prazo. Outra dica é utilizar bônus de fim de ano, restituições de imposto de renda e outros recebimentos inesperados para a amortização. Esses valores extras podem acelerar significativamente o processo de quitação do financiamento.
Para entender melhor como a amortização funciona na prática, vamos considerar a história de João. Ele financiou um imóvel no valor de R$ 100.000,00 com um prazo de 30 anos (360 meses) e uma taxa de juros anual de 12%. Sua parcela mensal inicial é de aproximadamente R$ 1.000,00, com 30% desse valor destinado ao saldo devedor e 70% para os juros.
João decide que quer quitar o financiamento mais rapidamente e começa a amortizar R$ 500,00 a mais por mês. A tabela abaixo ilustra como essa amortização adicional impacta seu saldo devedor ao longo do tempo:
Mês | Saldo devedor inicial (R$) | Parcela mensal (R$) | Amortização adicional (R$) | Saldo devedor final (R$) |
---|---|---|---|---|
1 | 100.000,00 | 1.000,00 | 500,00 | 98.500,00 |
2 | 98.500,00 | 1.000,00 | 500,00 | 96.985,00 |
3 | 96.985,00 | 1.000,00 | 500,00 | 95.454,15 |
… | … | … | … | … |
Com essa estratégia, João consegue reduzir significativamente o saldo devedor a cada mês. O impacto da amortização adicional é direto no principal, reduzindo os juros acumulados ao longo do tempo e acelerando a quitação da dívida.
Ao persistir com essa prática, João não apenas economiza uma quantia considerável em juros, mas também reduz o prazo total do financiamento de 30 anos para cerca de 15 anos. A disciplina financeira e o compromisso com a amortização fazem toda a diferença na gestão de suas finanças pessoais e na conquista da casa própria de forma mais rápida e econômica.
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